O setor agropecuário brasileiro vive um novo momento. Reconhecido globalmente pela qualidade dos produtos exportados, agora reforça a marca entre os próprios brasileiros. E entre as causas que estão levando a essa campanha de conscientização estão as históricas informações erradas que ainda constam nos livros didáticos. Embora nosso campo seja um exemplo de tecnologia, ensina-se que esse é um trabalho arcaico, antigo, atrasado. 

O movimento para transformar o agronegócio em símbolo da nação, como o futebol, precisa lançar raízes mais profundas. É essencial que o reconhecimento do setor seja acompanhado de ações que reforcem também o produtor rural. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) sobre hábitos do agropecuarista mostrou que 54% acreditam que a imagem dos produtores e trabalhadores rurais é regular ou péssima, perante a sociedade. Mais triste ainda é ver que 51% de jovens entre 15 e 29 anos são propensos ao boicote ao setor. 

O que estaria levando a isso? Certamente as informações distorcidas que são veiculadas. Apenas no estado de São Paulo, são mais de 700 mil empregos diretamente na agropecuária. Hoje, 40% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual vem do campo, que tem respondido por grande parte dos superávits comerciais, de São Paulo e do Brasil. Já participei de inúmeras missões internacionais, como a Expo Dubai 2022, para falar da força do agronegócio brasileiro, reconhecido inclusive pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Vale lembrar que, na década de 1950, o Brasil importava praticamente tudo. Hoje, conhecido como um celeiro do mundo, garante a segurança alimentar da população e ajuda no combate à fome em outros países. 

Esse resgate da imagem precisa ser acompanhado de ações que também possam garantir a segurança e continuidade do produtor no campo. De uma política de longo prazo para o agro, com metas, programas e recursos para financiamentos e seguro rural. Os pequenos produtores, que representam a grande maioria, precisam ter confiança para investir em novas máquinas e equipamentos tecnológicos, que permitam uma melhor performance de suas culturas. É preciso ainda criar os Arranjos Produtivos Locais para garantir o crescimento contínuo da produção, agregando valor nos produtos com as pequenas agroindústrias. 

sd

Tirso Meirelles