Analisar o perfil dos investimentos no Brasil tem como desafio pontuar conceitos e, só a partir disso, é possível abordar seus desdobramentos e motivações. Os investimentos públicos e privados diferem em aspectos importantes, como fontes de financiamento, objetivos, perfis de risco e impacto. Enquanto o capital público garante que rotas disruptivas satisfaçam as demandas sociais e promovam equidade, o capital privado, por sua vez, aumenta a eficiência, a inovação e a disponibilidade de recursos.
Como exemplo recente histórico, temos o surgimento da Internet como uma inovação disruptiva que só foi possível por meio do financiamento do capital público, transformando a vida de todos os cidadãos. No entanto, é preciso ter em mente que os investimentos do setor público acabam, justamente, quando o TRL (nível de maturidade tecnológica, em tradução livre) está nos estágios finais e são precisos novos aportes para tornar a tecnologia uma mercadoria transacionável para as pessoas.
Quando se transpõe essa lógica para o clima, observa-se que o Brasil, na esfera federal, mantém, por exemplo, o Fundo Clima, com R$ 10,4 bilhões dedicados a projetos de mitigação e adaptação à mudança climática. Em adição, há também o Programa Mais Inovação, com recursos destinados a políticas ligadas ao meio ambiente, caso em que se prioriza tecnologias cujo TRL varia entre 3 e 7.
No estado de SP, existem linhas de financiamento, como a Rota Paulista Verde, que possui um total de R$ 500 milhões para empresas de médio e grande porte investirem em transição energética. Do ponto de vista de projetos de TRL mais baixo, a Fapesp mantém editais em que novas tecnologias podem ser testadas, unindo a academia e o setor privado para destravar setores disruptivos.
Vital destacar a criação, em 2023, de uma nova diretoria na Agência de Promoção de Investimentos do Estado de SP (InvestSP), para desenvolver as trilhas prioritárias do governo: transição energética, economia circular e adensamento das cadeias produtivas. Cabe, então, à diretoria, o mapeamento regulatório, legislativo e de política pública necessário para destravar os investimentos nas novas rotas tecnológicas dedicadas à redução de impacto climático e desenvolvimento econômico-social.
Ao investir estrategicamente, abraçando as parcerias, os governos estimulam a inovação, impulsionam o crescimento econômico e enfrentam os desafios sociais. Destaque para o Brasil, que devido à sua grande disponibilidade de recursos naturais, reúne, ao mesmo tempo, condições de oferecer ao mundo segurança alimentar, energética e climática. Reforça esse protagonismo, ainda, uma matriz elétrica quase que em sua totalidade proveniente de fontes renováveis. A bola da vez é o Brasil!
COMENTÁRIOS