J. R. Tadros: “Transformação” é o meu legado
José Roberto Tadros - Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
José Roberto Tadros é Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2018, e também Presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac Amazonas, atualmente licenciado. Nascido em Manaus, é empresário e começou sua trajetória na mais antiga empresa do Amazonas, a José Tadros & Cia, fundada por seu bisavô em 1874. Advogado, é pós-graduado em ciências políticas, líder sindical empresarial e escritor. Foi cônsul honorário da Grécia na Amazônia durante 20 anos, presidente da Academia de Ciências e Letras Jurídicas, vice-presidente da Academia Carioca de Direito, presidente da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências. É autor dos livros O Grande Amazonas em Marcha (2017), Ideias Confessadas (2011), Da Razão e das Palavras (2010) e Marco para Novas Gerações (2010), já tendo lecionado Filosofia, Sociologia e História.
Qual é a sua missão à frente da CNC?
É fortalecer o Sistema CNC-Sesc-Senac para ajudar as empresas do comércio de bens, serviços e turismo a crescer, com um ambiente de negócios adequado, democrático, com segurança jurídica e respeito aos princípios do livre mercado. Quanto mais forte for o nosso Sistema, mais poderemos fazer para as empresas. Um exemplo disso é a reforma tributária. Participamos intensamente dos debates, apresentando e defendendo propostas que permitem ao país contar com um sistema tributário mais justo e mais simples, e que nos faça crescer de forma sustentável.
Quais oportunidades e desafios estão no horizonte para as atividades vinculadas à CNC?
As empresas de um modo geral estão vivenciando um intenso processo de transformação, ligado aos avanços tecnológicos e ao mundo digital. Uma das frentes de atuação da CNC é contribuir para que o empresário que representamos possa estar preparado para se mover com desenvoltura nesse universo e desenvolver seus negócios. Temos trabalhado para estabelecer e difundir uma cultura empresarial que valorize a inovação como fator de sobrevivência para as empresas.
Quais os países que os setores ligados à CNC devem olhar para se desenvolverem e incrementarem o PIB nacional?
A China assumiu um papel de grande importância para o nosso país, mas, em termos de crescimento da economia brasileira por orientação às exportações, é preciso ter foco nos países da América do Sul, Europa e nos EUA. No caso da Europa e EUA, estamos falando de economias intensivas em serviços, que dependem de produtos industrializados importados. Na Europa, a oportunidade é ainda maior em virtude da dependência da pauta agrícola, colocando o Brasil como um parceiro comercial ainda mais estratégico. O Brasil deve aproveitar seus diferenciais sustentáveis para se inserir de forma mais estratégica no comércio internacional, incluindo a atração de turistas que valorizam destinos menos intensivos na emissão de carbono.
O que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) significa para as perspectivas da economia brasileira?
O ICEC, apurado pela CNC, indica as preferências desse empreendedor em empregar, investir e qual a sua sensibilidade sobre o momento atual e o futuro da economia brasileira. O índice é um antecessor dos indicadores formais de atividade econômica, pois sinaliza com grande qualidade estatística o que está acontecendo na ponta, isto é, antecipa se a atividade nos estabelecimentos comerciais brasileiros está dando sinais de paralisia ou aquecimento.
Em três iniciativas, o que o Brasil tem que fazer para que a atividade produtiva seja mais atrativa e mais competitiva?
As principais medidas, as mais imediatas, são: redução dos juros, equilíbrio fiscal e diminuição de tributos. O Brasil precisa melhorar o seu ambiente de negócios para se tornar um destino mais seguro e atrativo para os capitais internacionais, criando um ambiente de prosperidade para as empresas brasileiras.
Dos países originais dos BRICS, o Brasil é o único que não está entre as 10 maiores economias. Enquanto a Rússia é a 8a, China e Índia são a 2a e a 5a, caminhando para assumir a 1a e 3a posições. O Brasil perdeu o bonde da história?
Precisamos deixar de ser o eterno país do futuro para transformarmos em realidade todo o nosso potencial. Temos mercado consumidor, riquezas naturais, potencial agrícola, energia abundante e renovável e estabilidade geológica e política. No entanto, por causa de decisões políticas equivocadas, sempre perdemos as janelas de crescimento. São vários os sinais das oportunidades perdidas: dívida pública insustentável; produtividade declinante; impostos elevados e sem retorno social; insegurança jurídico-regulatória; e preço da energia cara com uma das fontes mais baratas do mundo. Outros aspectos importantes que travam o desenvolvimento do País são a carência de infraestrutura; os juros elevados; e um mercado de capitais ainda pouco desenvolvido. Com todos os erros e acertos dos últimos 50 anos, vivemos um cenário de escasso crescimento, endividamento elevado e baixa produtividade. Superar esses desafios é fundamental para voltarmos para o caminho da prosperidade.
Como Presidente de um Sistema que impacta a vida de milhões de brasileiros por meio do Sesc e do Senac, qual palavra que o senhor usaria para representar o seu legado?
Transformação é uma boa palavra. Tem a ver com o tempo que estamos vivendo, com a incrível velocidade com que as coisas estão acontecendo. Precisamos estar preparados para ela, e a educação é o melhor caminho para isso. A educação é transformadora. Quando penso no trabalho de excelência que o Sesc e o Senac realizam, sinto orgulho do nosso Sistema. Isso me motiva a fazer mais e melhor para que novas gerações de brasileiros possam ser transformadas pela educação e ajudar a transformar o Brasil no país próspero com que todos nós sempre sonhamos.
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