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Boston,21/11/2024

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Seção Insights

Por: Luiz Fernando Furlan


Seção Insights Furlan, com o Presidente Lula, cumprimenta o Primeiro-Ministro do Japão, Fumio Kishida,no almoço em homenagem ao PM no Palácio do Itamaraty

INSIGHTS é a nova seção que começa a ser exibida nesta edição. Oxford Languages ​​​​e Google definem-no como “a capacidade de obter uma compreensão intuitiva precisa e profunda de uma pessoa ou coisa”. Para obter tal compreensão, a Glocal Insights convida uma personalidade a abordar livremente tudo o que vier à mente. Em resumo, esse é o conceito aqui. Nesse contexto, INSIGHTS estreia com a personalidade perfeita: Luiz Fernando Furlan.

Com uma vasta e rica trajetória, Administrador e Engenheiro Químico, Luiz Fernando Furlan é Chairman do LIDE. Foi Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de 2003 à 2007, e anteriormente durante 10 anos foi Presidente do Conselho de Administração da Sadia. Preside a Fundação Amazônia Sustentável; faz parte do Conselho do Instituto Ayrton Senna e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). 



Sugestão para o Presidente Lula

“Em 2003, os dados econômicos mostravam que, até 2002, o poder aquisitivo da população brasileira tinha caído cerca de 15%, e isso afetava bastante o consumo e a economia. Então, apresentei ao presidente Lula que a maneira mais fácil de retomar a economia seria ampliando as exportações. Isso, além de não ser inflacionário, ao mesmo tempo geraria empregos, fazendo com que a renda local fosse ampliada”.

Brasil como Grau de Investimento

 “As exportações em 2002 tinham sido de USD 60 bilhões. E, já no final de 2004, elas estavam se aproximando de USD 100 bilhões, que era a meta estabelecida para ser alcançada em quatro anos. Na verdade, a meta foi superada com 22 meses de antecedência. Nós chegamos em 2007 com USD 160 bilhões de exportações, ou seja, um crescimento monumental que teve não só efeitos nos empregos e na renda das pessoas e das empresas, mas também teve um efeito de fazer um acúmulo de reservas. Isso acabou permitindo que o Brasil pagasse os empréstimos do FMI e que a nota de crédito do Brasil fosse evoluindo até chegar em 2008 ao Investment Grade, beneficiando assim todas as empresas brasileiras que lançavam títulos no exterior”.

Matriz muito simples

“Por meio da APEX nós organizamos inúmeras missões em diversos cantos do mundo. Tínhamos uma matriz muito simples, que era: levar produtos tradicionais para novos mercados; e levar produtos novos para mercados tradicionais. Isso fez com que muitas empresas que só olhavam o mercado nacional, pudessem expandir sua produção mandando produtos para o exterior”.

Diálogo público e privado

“A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) foi criada por mim. Nós fazíamos reuniões periódicas com a participação de ministros e de representantes dos vários setores da economia. No meu período como Ministro, eu realizei 17 reuniões que eram feitas no Palácio do Planalto, no chamado Salão Oval. E só uma dessas reuniões foi cancelada, as outras todas foram realizadas, eram das duas às cinco da tarde, com agenda anual prévia. E isso teve um efeito muito positivo de aumentar o diálogo público e privado, e também facilitar os investimentos das empresas”. 

Marcas Brasileiras

“A minha frustração foi que, apesar de termos criado um organismo para ativar a indústria no Brasil (a ABDI), ficou muito aquém da minha ideia de poder renovar a indústria com tecnologia e também com produtos que pudessem competir mundialmente. Somado a isso, também a criação de marcas do Brasil no exterior, que até hoje nós carecemos de marcas brasileiras que sejam potentes e reconhecidas em todas as partes do mundo”. 

Avanços

“Em 20 anos, muita coisa mudou. A informação hoje está disponível para todos. E qualquer um faz uma pesquisa quando quer comprar algo, quando quer vender ou quando quer se informar. Isso faz com que haja uma competição maior. Quem não usa os serviços de entrega, compras pela internet ou mesmo de comida? Todas essas coisas representaram avanços muito grandes”.

Economia mais competitiva

“Esse cenário, por exemplo, da economia chinesa, principalmente, mais recentemente, também dos indianos e de outros países da Ásia, faz com que as empresas brasileiras tenham competidores, muitas vezes até utilizando mecanismos ou tendo custos, que não seriam possíveis no Brasil. Esse assunto que se fala aí da importação até USD 50.00, eu vejo que há preços de alguns artigos, principalmente chineses, que parecem irreais de tão baratos que são. Isso faz com que empresas no Brasil, que pagam os impostos em toda a cadeia produtiva, não consigam competir. Mas ainda assim, em 20 anos nós progredimos, e agora, com esse avanço da reforma tributária, possivelmente teremos uma economia mais competitiva no médio e longo prazo”. 

Aprendendo e sendo útil

“Há cerca de três anos, eu tomei a decisão de reduzir um pouco o meu ritmo de atividade, principalmente deixando cargos remunerados que eu tinha em Conselhos de Administração, no Brasil e no exterior. Com isso, eu pude escolher as áreas em que eu me interesso mais e que posso dedicar o meu tempo, aprender e ao mesmo tempo ser útil. Eu escolhi saúde, educação, meio ambiente, inovação e área internacional”. 

LIDE e Família Dória

“Quando o João Dória se afastou para concorrer a cargos políticos, me pediu que o substituísse temporariamente no LIDE. Esse período se alongou por oito anos, onde eu também tive a oportunidade de orientar o João Dória Neto, conhecido por Jhonny, que tinha na época 22 anos e agora tem 30, no sentido de que ele pudesse assumir boa parte dos negócios do pai na empresa Dória e Associados”.


Furlan em campo com membros da Fundação Amazônia Sustentável





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