A queima de combustíveis fósseis representa aproximadamente 70% das emissões globais dos gases causadores do efeito estufa (GEE). A produção e o consumo sustentáveis de biocombustíveis, ao substituí-los parcialmente, são considerados como parte da solução para a transição energética. 



De fato, alguns países já têm a bioenergia como uma parcela representativa de suas matrizes energéticas. Por exemplo, no Brasil, o uso do bioetanol como combustível (misturado à gasolina) para a frota leve de veículos passou a ser utilizado em 1931. Ao longo das últimas cinco décadas programas e políticas públicas eficazes resultaram em um aumento da produção e uso de biocombustíveis de tal modo que, em 2023, em termos energéticos, o consumo de bioetanol combustível no Brasil foi equivalente a 69,1% do consumo de gasolina. Destaca-se que o país é, também, o segundo maior produtor e o terceiro maior consumidor de biodiesel no mundo. 

O Brasil é um dos países com condições excepcionais para aumentar a produção de biocombustíveis de forma sustentável, contribuindo para a redução expressiva das emissões de GEE ao substituir parcialmente o consumo de combustíveis fósseis, trazendo impactos socioeconômicos que favorecem a geração de renda e emprego – no Brasil, por unidade de energia produzida, considerando se as propagações dos efeitos diretos e indiretos ao longo de suas respectivas cadeias produtivas, a produção de biocombustíveis gera seis vezes o número de empregos quando comparada à produção de combustíveis fósseis. 

Além do mais, dadas as especificidades da agricultura brasileira, como produção de grãos de segunda safra e intensificação da atividade pecuária disponibilizando terra para aumento da produção agrícola, o crescimento da produção de biocombustíveis no país tem ocorrido sem causar desmatamento e acompanhado pelo aumento da produção de alimentos. 

O caminho para a transição energética global irá requerer soluções onde os biocombustíveis terão papel fundamental. Por exemplo, no setor de transporte aéreo os combustíveis de aviação sustentáveis (SAF – sustainable aviation fuel) têm nas rotas tecnológicas dos biocombustíveis as melhores oportunidades de viabilidade econômica e ambiental para atingirem os seus propósitos. Neste contexto, o Brasil apresenta uma vocação e potencial extraordinários para atender boa parte da demanda global por biocombustíveis sustentáveis, trazendo impactos socioeconômicos que contribuem para o desenvolvimento sustentável.